Riget (The Kigdom / O Reino), de Lars Von Trier

“O Hospital Reino ergue-se sobre antigos pântanos onde outrora se tingiam tecidos, artesãos umedeciam as grandes peças de tecido e o vapor desprendendo-se do tecido úmido envolvia o lugar numa permanente neblina. Séculos mais tarde construiu-se o hospital e os artesãos cederam lugar a médicos e cientistas, aos melhores cérebros do país e a mais perfeita tecnologia. Para coroar a obra apelidaram o hospital de Reino. A vida ia agora ser mapeada e a ignorância e superstição não mais fariam estremecer os bastiões da ciência. Talvez a sua arrogância e persistente negação ao espiritual tivesse tornado demasiado acentuada, porque o frio e a umidade pareciam ter voltado. Indícios de fadiga aparecem no sólido e moderno edifício. Nenhum vivo o sabe ainda, mas o portão para o Reino está mais uma vez a abrir-se.”

Cada episódio da minissérie dinamarquesa Riget começa com este recado. No mais importante hospital da Dinamarca, estranhos eventos sobrenaturais começam a mexer com os brios daqueles que convivem no ambiente. Um arrogante médico sueco (que tem ojeriza à dinamarqueses), uma velha que fala com espíritos, dois portadores de síndrome de down que falam através de metáforas e um diretor desorientado são algumas das personagens atingidas pelos episódios. Ambulâncias fantasmas, espíritos de criança que choram e sonhos envolvendo canibalismo dão o toque de terror à minissérie. Que não fica atrelada apenas ao suspense, a comédia também é um dos pontos altos da trama. Co-dirigida por Lars Von Trier, Riget é um exemplo no cuidado de produzir personagens fortes e tramas bem emaranhadas.

O fato de não ter um fim (dois dos principais atores da série faleceram após a segunda temporada) não diminui a qualidade de Riget. Para quem curte cinema (obviamente todos que acompanham este blog, hehe), principalmente o trabalho de Von Trier, esta minissérie é uma ótima pedida.

Riget está disponível para o download no blog Movimento Cinema Livre.

A minissérie ainda rendeu um remake para o país que não consegue ver nada que não for produzido por eles. Denominada The Kingdom Hospital, foi produzida pelo “mestre” do terror estadunidense (terror mesmo, tudo que ele bota a mão é terrivelmente ruim), Stephen King.

Direção: Lars von Trier e Morten Arnfred
Roteiro: Lars Vvon Trier, Tómas Gislason e Niels Vørsel
Produção: Sven Abrahamsen, Philippe Bober, Peter Aalbæk Jensen, Ole Reim, e Ib Tardini
Efeitos especiais: Niels Fly e Niels Skovgaard
Som: Kristian Eidnes Andersen
Edição: Molly Marlene Stensgård e Jacob Thuesen
Trilha sonora: Joachim Holbek