quarta-feira, 11 de junho de 2008

Aula de Cinema

Valeu por me convidarem pra escrever ai pessoal.
Assisti um filme hoje e me deu vontade de escrever.

Estava tranquilo, imerso na rotina ordinária de trabalho, quando resolvi passar pela sala de espera pra ver a quantas andava o jogo da eurocopa. De repente, ouço do meu chefe: - Canterle, quer uma aula de cinema? Eu disse tá... lá vem. Se não fosse empunha talvez algum tutorial de after effects. Mas não, copiou no meu pen drive uma cópia baixada da internet de "O Escafandro e a Borboleta" (Le Scaphandre et le Papillon, França/EUA, 2007, Julian Schnabel). Tinha lido algumas coisas sobre esse filme e achei interessante... mas nem lembrava mais. Puta que pariu! Nos primeiros minutos tu já vê o quanto o filme é punk. Imagem subjetiva do ponto de vista de um cara que perdeu todos os movimentos do corpo. Aos poucos tu vai percebendo que ele também perdeu a fala, mas consegue piscar os olhos. Isso lembra muito "Johnny vai a Guerra" (Johnny Got His Gun, EUA, 1971, Dalton Trumbo), que também é muito bom e conta a história de um cara que perdeu as pernas, os braços, quase todos os sentidos e teve o rosto desfigurado. Mas Julian Schnabel, o diretor de "O Escafandro e a Borboleta", vai além, com um domínio absurdo da técnica consegue nos transformar em Jean-Dominique Bauby (Mathieu Amalric), o personagem principal - que existiu na vida real e escreveu o livro que deu origem ao filme -, e faz com que a gente sinta várias das coisas que o cara tá sentindo de um modo absurdo - como quando cortam um olho com uma navalha em "O Cão Andaluz" (Un Chien Andalou, FRA, 1928, Luis Buñuel). Elenco, edição, fotografia, roteiro, direção de arte que nos lembram o quanto o modo como se conta uma história é tão ou mais importante que a própria história. Bem tri. Uma aula de cinema.

Valeu Christian!

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