Mais uma diga de blog. Em "Cinecartógráfo", o blogueiro Ricardo Prado propõe-se a discutir o cinema e os filmes. Contudo, não parte de uma visão de dicotomia entre filmes alternativos e blockbusters, mas sim o de um cinema como um todo, um universo amplo, o qual vale a pena ser mapeado. "O cinecartógrafo, se fosse uma profissão de verdade, diria que não é nem um nem o outro que precisa de mapas cinematográficos, mas sim os dois!".
O blog consiste basicamente de textos e indicações sobre os mais diversos tipos de filmes. Fica aqui a dica, para quem interessar, vale a pena dar uma olhada no mapa que está sendo criado por Ricardo Prado.
Segue abaixo um exemplo do bom texto de Prado e também de um ótimo filme que vale a pena ser visto:
XXY (2007)"XXY" mostra o diferente e controverso sem cerimônias, fazendo lembrar o choque que causou "O Segredo de Brokeback Mountain". Indo mais além, retrata o contato entre os jovens sem medo de enfurecer puristas, invocando os feitos do cineasta Larry Clark, de "Kids" e "Bully". Por fim, é a estréia na direção de Lucia Puenzo, e mostra que essa jovem diretora de 34 anos ainda vai surpreender muito mais.
Caso o título do filme não deixe claro, "XXY" trata da síndrome de Klinefelter. Quem sofre dessa síndrome, pessoas do sexo masculino, tem um cromossomo X adicional geralmente são mais altos que o normal, seios e outras características masculinas. Por mais que Alex, a protagonista do filme, expresse mais traços femininos do que masculinos, reside aí um erro, já que deveria ser o oposto. Apesar disso, o filme cumpre seu papel em promover discussão e não favorecer um lado a mais do que o outro. Alex se aproxima de Álvaro, filho de um casal que vem visitar seus pais, numa vila de pescadores no litoral da Argentina. O clímax do filme envolvendo os dois conduz o espectador até aquilo que acha que vai ver e o choca mostrando-o algo que nunca imaginaria ver. É nesse ponto que os valores se tornam relativos quando se trata de uma questão como essa que o filme propõe discutir.
Como Alex, Inés Efron faz bonito nesse que não é um papel nem um pouco fácil. Por sua atuação em "XXY", Inés levou dois prêmios Clarin como Melhor Atriz de Cinema e Melhor Revelação de Cinema. "XXY" foi escolhido para representar a Argentina na categoria de Melhor Filme Estrangeiro do Oscar e também do prêmio Goya, algo sem precedentes já que a tradição é sempre mandar filmes diferentes para as duas disputas.
"XXY" é o primeiro filme da diretora Lucia Puenzo, filha de Luis Puenzo, um dos mais importantes cineastas argentinos — ganhador do prêmio do júri em Cannes por "A História Oficial", em 1985. Talvez siga para se tornar mais uma Sofia Coppola, por mais que tenha escolhido um tema bem pesado para sua estréia. Foi um risco que correu e que valeu a pena.por Ricardo Prado, blog CineCartógrafo
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